A Estratégia Nacional para uma Especialização Inteligente 2030 (ENEI 2030) delineia uma visão abrangente para Portugal, destacando a qualidade de vida, um ambiente criativo e a capacidade científica e inovadora como pilares para atrair e reter talento, além de dinamizar a economia. A ENEI 2030 é apresentada como uma força motriz para o crescimento e convergência do país, promovendo a inovação como elemento central.
A ENEI 2030 está organizada em seis grandes áreas estratégicas: Transição Digital; Materiais, Sistemas e Tecnologias de Produção; Transição Verde; Sociedade, Criatividade e Património; Saúde, Biotecnologia e Alimentação; e Grandes Ativos Naturais – Floresta, Mar e Espaço. Neste contexto, a economia do Mar surge como uma área de extrema relevância, abrangendo várias cadeias de valor consolidadas e emergentes.
Fileira do Pescado
A fileira do pescado em Portugal, que inclui conservação, congelação e transformação, é composta por pequenas e médias empresas com uma forte tradição e orientação para o mercado externo. Este setor enfrenta desafios significativos devido à escassez de matéria-prima, resultante da diminuição dos stocks de pescado, restrições às capturas e aumento do consumo global. A dependência do mercado externo para importações e exportações é uma característica marcante desta indústria.
Para responder às novas tendências da procura, a indústria do pescado tem-se modernizado em várias áreas, incluindo automação da produção, sistemas de informação, segurança alimentar e rastreabilidade. A sustentabilidade e a qualidade são agora fatores essenciais que orientam as escolhas dos consumidores, incentivando a indústria a adaptar-se a estas novas exigências.
Indústria Naval
A indústria naval portuguesa, que engloba construção, manutenção e reparação, também depende fortemente dos mercados externos. Apesar das dificuldades recentes, como as vividas pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, o setor tem desenvolvido novas capacidades e explorado segmentos de mercado promissores, como embarcações turísticas e de pesca. A Lisnave, por exemplo, foca-se em tecnologias que reduzam o tempo de imobilização dos navios, contribuindo para uma maior eficiência na manutenção naval.
Portugal possui competências em áreas como metalomecânica, materiais compósitos, robótica e digital, que podem ser combinadas para enfrentar os desafios futuros, incluindo a construção de embarcações mistas e autónomas. Esta diversificação e modernização são essenciais para manter a competitividade da indústria naval no cenário global.
Modernização dos Portos
Os portos nacionais têm-se modernizado significativamente através da digitalização dos processos portuários, fruto de colaborações com universidades e centros de investigação e desenvolvimento tecnológico (IDT). Este processo tem facilitado o surgimento de novos negócios e startups tecnológicas na área da logística, contribuindo para a eficiência e descarbonização do setor.
A modernização dos portos alinha-se com o conceito de smart ports, qualificando-os como hubs de inovação tecnológica na economia azul. A integração de tecnologias digitais nas operações portuárias tem melhorado a ligação entre portos e cadeias logísticas em terra, aumentando a eficiência operacional e reduzindo a pegada ambiental.
Setores Emergentes
Nos setores emergentes, como as biotecnologias marinhas e as energias renováveis, predominam pequenas empresas que enfrentam o desafio de escalar a produção. A aquacultura de precisão, por exemplo, tem evoluído com a instalação de sistemas de sensores que permitem a automação e monitorização dos processos produtivos, fruto de parcerias entre startups tecnológicas e empresas de aquacultura.
Portugal continua a ser um destino atraente para o teste de protótipos de energias renováveis marinhas, uma posição que pode ser reforçada pelo Brexit e pelas boas condições locais, como acessibilidades e clima. No entanto, ainda existem desafios significativos a superar, como a lentidão nos processos de licenciamento e as condições de acesso ao mar.
Transversalidade do Mar na ENEI 2030
A transversalidade do tema Mar na ENEI 2030 abrange diversas cadeias de valor, umas mais interligadas do que outras, produzindo uma vasta gama de produtos e serviços com recurso a tecnologias e competências diversificadas. A Transição Digital, por exemplo, é crucial para os portos, transportes e logística, assim como para as indústrias navais, do pescado e do turismo.
O domínio dos Materiais, Sistemas e Tecnologias de Produção também é relevante, destacando-se nas indústrias navais e do pescado. A Transição Verde, por sua vez, é transversal a todas as atividades marítimas, com ênfase na eficiência energética dos portos, redução de emissões nos transportes marítimos e desenvolvimento de novas embarcações e sistemas de propulsão na indústria naval.
Objetivos e Desafios para 2030
Baseado nas conclusões do trabalho da Fórum Oceano sobre os “Desafios do Mar 2030”, as principais mudanças desejadas incluem:
– Preservar a biodiversidade e os stocks de pescado, aumentando o valor acrescentado da pesca;
– Ampliar a produção nacional de pescado em aquacultura;
– Promover a autonomia e inovação no setor de transformação e conservação do pescado;
– Explorar biotecnologicamente organismos marinhos vivos não tradicionais;
– Modernizar os portos como smart ports e hubs de inovação tecnológica;
– Reestruturar as indústrias navais para enfrentar novos desafios;
– Posicionar Portugal como um local atrativo para teste e desenvolvimento de tecnologia e prototipagem;
– Mapear e caracterizar os recursos minerais do solo e subsolo.
A ENEI 2030 estabelece assim um caminho claro para a Economia do Mar em Portugal, promovendo a inovação e a sustentabilidade como alicerces para o crescimento económico e a competitividade internacional.
Margarida Pinto destaca como as oportunidades de financiamento do COMPETE 2030 em Propriedade Intelectual e Industrial estão a impulsionar a inovação das empresas portuguesas.
A empresa de bioprocessamento reforça a competitividade no setor biofarmacêutico protegendo as suas inovações com patentes. Rui Estrela, cofundador, partilha os desafios e estratégias.
Portugal está entre os países mais avançados em cibersegurança, de acordo com a 5.ª edição do Global Cybersecurity Index da ITU, destacando-se pelo forte compromisso com a proteção digital e liderança global.